DA CULTURA DO CONFLITO À CULTURA DO DIÁLOGO: ÁNALISE PERFORMATIVA DO DISCURSO AF

A performatividade do discurso das pessoas envolvidas nas sessões de mediação de conflitos familiares ultrapassa o homogêneo e adentra a dimensão fenomenológica do conflito. Assim, como objetivo principal da obra, buscou-se analisar a performatividade do discurso das partes, durante as sessões de mediação de conflitos, nos processos de ruptura da relação conjugal e de manutenção da relação parental. Para tanto, adotou-se a pesquisa-ação como prática metodológica e a abordagem qualitativa para o quesito da investigação teórica e analítica. Foram selecionados três processos judiciais da Terceira Vara Especializada de Família e Sucessões da comarca de Várzea Grande, do Poder Judiciário do estado de Mato Grosso, cujo espaço multicultural de produção de saberes traz a comunicação como força motriz para a manutenção da relação parental. Os resultados obtidos revelaram uma profunda imersão na performatividade do discurso durante as sessões de mediação de conflitos familiares. Ao adotar a abordagem qualitativa, observou-se que as expressões culturais locais desempenharam um papel crucial na dinâmica dos processos judiciais analisados. A pesquisa-ação proporcionou um olhar aprofundado sobre a interseção entre o discurso oral e corporal, desvelando camadas fenomenológicas do conflito, muitas vezes, não captadas por métodos tradicionais. As narrativas acolhidas revelaram nuances significativas da vida social das partes litigantes, permitindo uma compreensão mais holística e sensível das identidades e diversidades culturais presentes. Assim, concluiu-se que, em tempos de transformação da sociedade e de crise de valores, identificar as expressões culturais locais, por meio do acolhimento de suas narrativas, compreender como tais manifestações se encadeiam na vida social das partes litigantes e reconhecer as identidades e diversidades culturais trazidas no discurso das partes torna esta pesquisa relevante, junto ao meio acadêmico dos estudos de cultura contemporânea e jurídico, uma vez que possibilitou a compreensão dos novos signos encapsulados e geradores dessa sociedade tão líquida, da qual somos paradoxalmente protagonistas, coadjuvantes e espectadores.