Edison Antônio de Souza
2013
O PODER NA FRONTEIRA: HEGEMONIA, CONFLITOS E CULTURA NO NORTE DE MATO GROSSO
Dimensões
ISBN
Nº de páginas
Síntese
O Estado brasileiro a partir da década de 1970 fomentou a ocupação do norte mato-grossense, baseado na concessão de incentivos fiscais públicos, principalmente às empresas particulares de colonização, que atraíram milhares de pessoas para aquela região como alternativa aos conflitos sociais que ocorriam no Sul e Sudeste do Brasil. A política que orientou o avanço da fronteira econômica no Estado de Mato Grosso estruturou-se de forma a permitir a integração desta ao mercado nacional e às estruturas produtivas de acumulação do capital. O processo de colonização particular ampliou a expropriação e a dominação no norte mato-grossense, com manutenção das relações capitalistas de produção de uma forma acelerada, através da exploração dos recursos naturais e pelo controle social dos trabalhadores. Com o avanço da fronteira agrícola, alguns empresários favorecidos pelos incentivos fiscais públicos acumularam capital em atividades como o setor madeireiro e agropecuário, passando a dirigir politicamente o norte de Mato Grosso. Através desta pesquisa sustentamos a argumentação de que os mecanismos que regem as relações de poder aquela região de fronteira foram construídos no inter-relacionamento entre agências e agentes a partir de uma rede de relações e alianças com as elites regionais, sistemas de trocas e reciprocidades, utilizando-se do poder simbólico enquanto estratégia de controle e dominação social. A classe dominante regional construiu uma hegemonia articulada em torno de valores, práticas e ideologia da classe ou fração de classe, que se organizam através dos intelectuais orgânicos, formas de consenso entre outras frações, divulgando o mito do progresso, da civilização, da agricultura moderna e desenvolvida, “naturalizando” os conflitos sociais e a luta pela terra no Estado. Estudamos a questão da fronteira norte mato-grossense no eixo da Rodovia Federal (BR-163) com destaque para Sinop, principal cidade daquela região. Refletimos sobre as questões políticas, sociais e as mudanças econômicas. Mapeamos essas relações no âmbito da sociedade civil e da sociedade política, destacando o papel das Agências e Agentes sociais, analisadas pela perspectiva da História Social.
Edison Antônio de Souza